Celebramos na Liturgia o Mistério Pascal de Cristo – Sua Paixão, Ressurreição e a gloriosa Ascensão ao Céu. Enquanto Jesus derramava seu sangue por amor, a Igreja nascia. E foi aos apóstolos que Cristo confiou a missão de continuar a obra por Ele iniciada. Tudo o que Jesus realizou na terra permanece acontecendo em todo tempo por meio da Liturgia – na Missa, nos sacramentos, na celebração da Palavra, na oração da Liturgia das Horas e em tantos outros momentos da vida eclesial.
“Tudo o que na vida do nosso redentor era visível, passou para os ritos sacramentais”, explicou no século V, o Papa Leão Magno (Sermões para a Ascensão, n. 3; AL 4340). E, por ser a Liturgia o prolongamento das ações de Cristo, é que ela contém em si um valor único e sagrado, de singular beleza.
Ainda sobre a dimensão do que é belo, João Paulo II, na Carta aos Artistas, diz que “a beleza é a expressão visível do bem”. Ou seja, na Liturgia, a ação de Deus na vida das pessoas está profundamente conectada à beleza e à bondade dele. Deste modo, ainda que não seja a principal função da Liturgia, as pessoas são evangelizadas e tocadas pelo amor do Senhor quando contemplam a beleza e a sobriedade das ações litúrgicas.
O que a Liturgia provoca nos fiéis
Celebrar a Liturgia não é apenas repetir gestos ou as palavras de Cristo, com o único propósito de recordá-los, mas é tornar presente – graças a ação do Espírito Santo – a realidade do profundo Mistério Pascal, a fim de que estejamos em comunhão de vida com esse mistério e que por ele nos deixemos tocar e transformar.
Uma Liturgia bem vivida e celebrada facilita a comunhão das pessoas com Deus. Os Ritos Litúrgicos celebrados no esplendor de sua beleza e naturalidade estimulam os fiéis “…à veneração das coisas sagradas, elevam a mente à realidade sobrenatural, nutrem a piedade, fomentam a caridade, aumentam a fé, robustecem a devoção, instruem os simples, ornam o culto de Deus, conservam a religião e distinguem os verdadeiros dos falsos cristãos” (Carta Encíclica Mediator Dei, 20).
A beleza da Liturgia
A Liturgia é naturalmente bela: bela no aspecto estético dos objetos e vestes sagradas, no zelo e esmero no que tange a preparação das celebrações e tempos litúrgicos, e bela na santidade que inspira por meio dos gestos do sacerdote – que é um ministro in Person Christi (no lugar de Cristo).
A preocupação e o cuidado pela beleza e singularidade da Liturgia, em todos os ritos, é ainda sinal de respeito a Deus. Por isso, a Igreja cuida para que a liturgia cumpra com sua função de, por meio dela, realizar belas ações simbólicas através das quais não somente Deus se manifesta e se relaciona, mas também as pessoas podem ir ao seu encontro.
Referências
Sermões para a Ascensão, Papa Leão Magno
Carta aos Artistas, São João Paulo II
Carta Encíclica Mediator Dei, Papa Pio XII (1974).